confabulando é uma página de conteúdo editável, sinta-se em casa, risque as paredes!
Nossa wiki é um exercício constante de confabulações. Nela, seguindo a idéia de copyleft (*), postamos textos que nos interessam, tentando na medida do possível colocá-los em diálogo e exercitar um posicionamento crítico em relação a eles.
Aqui não apenas estão textos escritos por nós e verbetes dedicados a questões que nos intrigam e a ativistas-pensadoras que nos inspiram, mas também textos que nos interessam e que não possuíam versão no português, por isso nos encarregamos de traduzí-los. é bom frisar que esses textos foram traduzidos por pessoas que não se colocam neutralmente na posição de tradutorxs; somos pessoas que entendem que o ato da tradução é um ato de se colocar em confronto com o texto, de se misturar com ele...
Não só a página está confabulando, o próprio exercício de tradução é uma confabulação. mas antes que x leitorx se canse desse conversê, vou explicar o que quero dizer com confabulação. será que os dicionários podem nos ajudar?
confabular = do latim confabulare por confabulari; falar com, conversar.
A primeira coisa que me vem à mente quando alguém fala “confabular” é uma imagem de um grupo de pessoas conversando, fazendo um plano, conspirando talvez. isso encaixa bem com o conceito do dicionário acima; então confabular
(1) é um exercício de conversa, ou seja, tem um caráter de “estar na companhia de alguém”. No entanto, se pensarmos a Confabulação omo derivada de fabulação, abre-se outra perspectiva:
fabular = 1) contar fábulas, mentir;
2) inventar.
Com isso, confabular ganha o sentido (2) de criar histórias, inventar, imaginar possibilidades. //
Propus (e proponho) que o conceito de Confabulação fizesse parte de uma tentativa de borrar as definições fixas de teoria e ficção (e verdade e falsidade também, por que não?) questionando a hierarquização entre teoria > fato > ficção que se constrói no seio da teorização, justamente por essa dimensão de número 2.
Confabular torna-se, assim, um exercício de mentir em grupo (bem ao gosto do corpuscrisis); ou melhor, um exercício de ficcionar a teoria em companhia de outras pessoas, seja presencialmente, seja através de seus textos.
O corpus crisis surge do encontro de questões, pessoas e inquietações. olhamos para o nosso corpo e o percebemos em crise. estou em crise! fizemos da crise o veículo instaurador da nossa fala, fala (e grito) (e silêncio) que nos leva em busca da reconstrução de outro corpo
e outros corpus. nossas crises têm-se feito em forma de teia, de rizoma, de cadeia, de misturas, de rupturas, de anseios, desejos, interferências, lutas, desapontamentos, transformações, reinvenções... de trânsito, e em trânsito. Nascendo em maio de 2005, numa paródia do feriado corpus christi, como um evento que buscava reunir pessoas e grupos para conversar sobre as crises dos corpos (gênero, sexualidades, o lugar que os corpos ocupam no espaço, arte a partir do corpo, transgressões pelo corpo, violações do corpo, alterações de corpo e mente, conflitos entre o modelo repartido mente versus corpo); o corpus crisis acabou por se tornar permanente se organizando como um coletivo, carinhosamente kk.
Como espaço/grupo/encontro de pessoas, questões, inquietações e intervenções feministas, queremos criar um lugar de ação política questionador e inovador, que faça novas abordagens a velhos problemas e articule soluções que saiam do plano teórico e invadam a prática cotidiana. falar a partir da crise. nosso desejo é estabelecer um lugar de produção criativa onde possibilidades outras possam ser pré-figuradas e performatizadas, o que, acreditamos, fortalece e dá novos sentidos a bandeiras anti-sexistas, anti-racistas e anti-capitalistas que nos são tão caras. mas cuidado, porque até esse lugar estabelecido está sujeito à crise!
(*) mas pros conteúdos aqui do confabulando cada caso é um caso, né? tem que olhar cada vez que uso vai ser feito do texto.