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Poesia Nao E Luxo

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13 de July de 2013, às 03h48 por 177.133.54.63 -
Linha 3 mudada de
Poesia não é um luxo
para:
Poesia não é um luxo [1]
13 de July de 2013, às 03h48 por 177.133.54.63 -
Linhas 3-36 mudadas de
A qualidade da luz pela qual escrutinamos nossas vidas tem impacto direto no que vivemos, e nas mudanças que esperamos trazer por essas vidas. É a partir dessa luz que formamos aquelas idéias que formam nossa mágica e nos fazem realizá-la. Isso é poesia como iluminação, pois é pela poesia que nomeamos aquelas idéias que estão – até o poema – inomináveis e desformes, ainda por nascer, mas já sentidas. Essa destilação da experiência, de que surge poesia verdadeira, faz nascer pensamentos como o sonho faz nascer conceitos, como os sentimentos nascem idéias, como o conhecimento nasce (precede) o entendimento.\\
Conforme vamos aprendendo a sustentar a intimidade do escrutínio e florescer a partir disso, conforme aprendemos a usar os frutos desse escrutínio pra empoderar nossa existência, aqueles medos que comandam nossas vidas e formam nossos silêncios começam a perder o controle sobre nós.\\

Para cada de nós, mulheres que somos, há um lugar de escuridão interna, e nela nosso verdadeiro espírito, escondido, crescendo, se ergue, “lindo / e firme como uma castanha / opondo-se colunar ao (v)nosso pesadelo de fraqueza”* e impotência.\\

Esses lugares de possibilidade dentro de nós são escuros porque são ancestrais e escondidos; eles cresceram e se fortaleceram por essa escuridão. Lá dentro desses lugares profundos, cada uma de nós guarda uma reserva incrível de criatividade e poder, de emoção e sentimento intocados, impronunciados. O lugar de poder de mulher dentro de cada uma de nós não é branco nem está na superfície; é escuro, é ancestral, e é profundo.\\

Quando vemos o modo de vida europeu como o único problema a ser resolvido, nós contamos somente com nossas idéias pra nos libertar, pois isso foi o que o patriarca branco nos disse que era precioso.\\

Mas conforme vamos entrando mais em contato com nossa consciência de vida ancestral, não européia, como uma situação experienciada e interativa, aprendemos mais e mais a cultivar nossos sentimentos, e a respeitar essas fontes secretas de nosso poder das quais surge conhecimento verdadeiro e de onde, portanto, atos perseverantes vêm.
\\
Nesse momento, acredito que as mulheres carregamos em nós mesmas a possibilidade de fundir essas duas abordagens tão necessárias à sobrevivência, e nos aproximamos dessa combinação em nossa poesia. Eu falo aqui sobre poesia como uma destilação revelatória da experiência, e não o jogo de palavras estéril que, muitas vezes, foi destorcido pelo patriarca branco como o significado da palavra poesia – assim mascarando um desejo desesperado por imaginação sem deslumbramento.
\\
Para as mulheres, então, a poesia não é um luxo. É uma necessidade vital de nossa existência. Ela forma a qualidade da luz com a qual estabelecemos nossas esperanças e sonhos em direção a sobrevivência e mudança, primeiro forjada em linguagem, depois em idéia, então em ação mais tocável. Poesia é a maneira com que contribuímos a nomeação ao inominado, pra que possa ser pensado. O horizonte mais distante de nossas esperanças e medos é pavimentado por nossos poemas, talhado na pedra da experiência de nossas vidas diárias.
\\
Conforme eles se tornam conhecidos e aceitos por nós, nossos sentimentos e a exploração honesta deles se tornam santuários e solo polinizado para o mais radical e audaz das idéias. Eles se tornam um abrigo para aquela diferença tão necessária à mudança e a conceituação de qualquer ação significativa. Agora, eu poderia nomear pelo menos dez idéias que eu teria achado intoleráveis ou incompreensíveis e assustadoras, a menos que tivessem vindo com sonhos e poemas. Isso não é fantasia despropositada, mas uma atenção cuidadosa com o verdadeiro sentido de “isso é o que me parece certo”. Nós podemos nos treinar a respeitar nossos sentimentos e transpô-los em linguagem, pra que possam ser compartilhados. E onde aquela linguagem ainda não existe, é nossa poesia que ajuda a tecê-la. A poesia não é só sonho e visão; ela é a coluna vertebral de nossas vidas. Ela constrói as bases para um futuro de mudança, uma ponte entre os medos que temos do que nunca foi visto antes.
\\
A possibilidade
não é eterna nem momentânea. Não é fácil manter a crença em sua eficácia. Às vezes trabalhamos duro, trabalhamos muito para estabelecer ''a primeira abertura para a resistência real contra as mortes que esperam que vivamos'' [one beachhead of real resistance do the deaths we are expected do live], só pra ver essa abertura roubada ou ameaçada pelas ficções que fomos socializadas a temer, ou pelo rascunho daquelas aprovações que fomos alertadas a buscar, por segurança. As mulheres nos vemos diminuídas ou abrandadas pelo falso benefício das acusações de infantilidade, da não-universalidade, da inconstância, da sensualidade. E quem pergunta a questão: eu estou mudando sua aura, suas idéias, seus sonhos, ou estou meramente movendo você em atos temporários e reativos? ''E mesmo que a segunda opção não seja dispendiosa, tem que ser vista dentro de um contexto da necessidade por alterações verdadeiras nas fundações mesmas de nossas vidas''.[And even though the latter is no mean task, it is one that must be seen within the context of a need for true alteration of the very foundations of our lives.]
\\
O patriarca branco
nos disse: penso, logo existo. A matriarca Negra dentro de nós – a poetisa – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, logo posso ser livre. A poesia cunha a linguagem para que expresse e ''empenhe'' [charter] essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.
\\
Contudo, a experiência nos ensinou que a ação no agora é também necessária, sempre. Nossas crianças não podem sonhar a não ser
que vivam, elas não podem viver a não ser que se nutram, e quem mais vai alimentá-las do sustento verdadeiro sem o qual seus sonhos não vão ser diferentes dos nossos? “Se você quer que a gente mude o mundo algum dia, temos que pelo menos viver o suficiente pra crescer!”, a criança grita.
\\
Às vezes nos entorpecemos sonhando com idéias novas. A mente vai salvar a gente
. O cérebro, sozinho, vai nos libertar. Mas não existem idéias novas na manga, esperando para nos salvar como mulheres, como humanas. Só há as velhas e esquecidas, novas combinações, exorbitâncias e reconhecimentos de dentro de nós mesmas – junto com a coragem renovada de tentá-las. E nós temos que encorajar constantemente a nós mesmas e a cada outra para que ousemos as ações hereges que nossos sonhos implicam, a despeito do desprezo que nossas velhas idéias têm por isso. Na linha de frente de nossa movimentação em direção à mudança, só há a poesia pra alcançarmos como possibilidade tornada real. Nossos poemas formulam as implicações de nós mesmas, o que sentimos dentro e ousamos tornar realidade (ou transformar em ação de acordo com isso), nossos medos, nossas esperanças, nossos medos mais curtidos.
\\
Pois dentro de estruturas vivas definidas pelo lucro, pelo poder vertical, pela desumanização institucional, nossos sentimentos não vão sobreviver. Mantidos à margem como coadjuvantes inevitáveis ou passatempos confortáveis, dos sentimentos é esperado que se curvem ao pensamento como é esperado que as mulheres
se curvem aos homens. Mas as mulheres temos sobrevivido. Como poetisas. E não há sofrimentos novos. Nós já os sentimos todos. Escondemos isso no mesmo lugar em que escondemos nosso poder. Eles submergem em nossos sonhos, e são nossos sonhos que apontam o caminho da liberdade. Esses sonhos são realizáveis por nossos poemas, que nos fortalecem e encorajam a ver, a sentir, a falar, e a ousar.
\\
Se o que precisamos para sonhar, para mover nossos espíritos mais profunda e diretamente ao encontro e através da promessa, é menosprezado como luxo, então nós desistimos do cerne – a fonte – de nosso poder, nossa mulheridade; nós desistimos do futuro de nossos mundos.
\\
Pois não há idéias novas. O que há é novas maneiras
de fazê-las sentir – de examinar como é que elas se sentem ao estarmos vivas às 7 da manhã de domingo, depois do café, fazendo amor vorazmente, parindo, chorando noss'-@-'s mort'-@-'s – enquanto sofremos as velhas esperas, lutamos contra os velhos conselhos e medos de sermos silenciadas e impotentes e sós, enquanto provamos nossas possibilidades e forças.\\
\\
\\
*trecho do poema ??\\
notas de tradução: tradução feita por tatiana nascimento dos santos. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem em itálico y antes da expressão em original, que tá dentro dos [colchetes]
.
para:
Poesia não é um luxo

A qualidade da luz pela qual escrutinamos nossas vidas tem impacto direto sobre o produto
que vivemos, e sobre as mudanças que esperamos trazer por essas vidas. É dentro dessa luz que nós formamos aquelas ideias pelas quais alcançamos nossa mágica e a fazemos realizada. Isso é poesia como iluminação, pois é pela poesia que nós damos nome àquelas ideias que estão – até o poema – inominadas e desformes, ainda por nascer, mas já sentidas. Essa destilação da experiência da qual brota poesia verdadeira pare pensamento como sonho pare conceito, como sentimento pare ideia, e conhecimento pare (precede) entendimento.

Conforme nós aprendemos a sustentar a intimidade do escrutínio e florescer dentro dela, conforme aprendemos a usar os produtos daquele escrutínio para poder dentro de nossa vida, aqueles medos que comandam nossas vidas e formam nossos silêncios começam a perder o controle sobre nós.

Para cada de nós como mulheres, há um lugar escuro por dentro, onde escondido e crescendo nosso espírito verdadeiro se ergue, “lindo / e firme como uma castanha / opondo-se colunar ao (v)nosso pesadelo de fraqueza”[2] e impotência.

Esses lugares de possibilidade dentro de nós são escuros porque são ancestrais e escondidos; eles sobreviveram e cresceram fortes através daquela escuridão. Dentro desses lugares profundos, cada uma de nós mantém uma reserva incrível de criatividade e poder, de emoção e sentimento não examinado e não registrado. O lugar de poder de mulher dentro de cada uma de nós não é branco nem superfície; é escuro, é ancestral, e é profundo.

Quando vemos a vida no modelo europeu unicamente como um problema a ser solucionado, nós contamos somente com nossas ideias para nos deixar livres, pois isso foi o que os pais brancos nos disseram que era precioso.

Mas quanto mais vamos entrando em contato com nossa consciência de vida ancestral, não europeia, como uma situação a ser experienciada e com a qual interagir, nós aprendemos mais e mais a cultivar nossos sentimentos, e a respeitar aquelas fontes secretas de nosso poder de onde vem conhecimento verdadeiro e, portanto, ações duradouras vêm.

Nesse ponto no tempo, acredito que as mulheres carregamos dentro de nós mesmas a possibilidade de fusão dessas duas abordagens tão necessárias à sobrevivência, e chegamos perto dessa combinação em nossa poesia. Eu falo aqui de poesia como uma destilação revelatória da experiência, não o jogo de palavras estéril que, muitas vezes, os pais brancos distorceram a palavra poesia para significar - para cobrir um desejo desesperado por imaginação sem vislumbre.

Para mulheres, então, poesia não é um luxo. Ela é uma necessidade vital de nossa existência. Ela forma a qualidade da luz dentro da qual predizemos nossas esperanças e sonhos em direção a sobrevivência e mudança, primeiro feita em linguagem, depois em ideia, então em ação mais tocável. Poesia é a maneira com que ajudamos a dar nome ao inominado, para que possa ser pensado. O horizonte mais distante de nossas esperanças e medos é calçado por nossos poemas, talhado das experiências pétreas de nossas vidas diárias.

Conforme eles se tornam conhecidos e aceitos por nós, nossos sentimentos e a exploração honesta deles se tornam santuários e solo polinizado para o mais radical e audaz de ideias. Eles se tornam um abrigo para aquela diferença tão necessária à mudança e a conceituação de qualquer ação significativa. Agora mesmo, eu poderia nomear pelo menos dez ideias que eu teria achado intoleráveis ou incompreensíveis e assustadoras, exceto se tivessem vindo depois de sonhos e poemas. Isso não é fantasia tola, mas uma atenção disciplinada ao verdadeiro significado de “isso parece certo para mim.” Nós podemos nos treinar a respeitar nossos sentimentos e transpô-los em uma linguagem para que possam ser compartilhados. E onde aquela linguagem ainda não existe, é nossa poesia que ajuda a tecê-la. Poesia não é só sonho e visão; ela é a estrutura óssea de nossas vidas. Ela lança as fundações para um futuro de mudança, uma ponte entre nossos medos do que que nuca aconteceu antes.

Possibilidade não é para sempre nem instante. Não é fácil sustentar crença em sua eficácia. Às vezes podemos trabalhar muito e duro para estabelecer uma primeira trincheira de resistência real às mortes que esperam que vivamos, só para ter essa trincheira roubada ou ameaçada por aquelas calúnias que fomos socializadas a temer, ou pela retirada daquelas aprovações que fomos alertadas a buscar por segurança. Mulheres nos vemos diminuídas ou abrandadas pelas falsamente benignas acusações de infantilidade, de não-universalidade, de mutabilidade, de sensualidade. E quem pergunta a questão: eu estou alterando sua aura, suas ideias, seus sonhos, ou eu estou meramente movendo você a atos temporários e reativos? E mesmo que a segunda não seja má tarefa, é uma que deve ser vista no contexto de uma necessidade de verdadeira alteração das fundações mesmas de nossas vidas.

Os pais brancos nos disseram: penso, logo existo. A mãe Negra dentro de nós – a poeta – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, portanto eu posso ser livre. Poesia cunha
a linguagem para expressar e empenhar essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.

Contudo, a experiência
nos ensinou que ação no agora é também necessária, sempre. Nossas crianças não podem sonhar a não ser que elas vivam, elas não podem viver a não ser que estejam nutridas, e quem mais vai alimentá-las da comida verdadeira sem a qual seus sonhos não serão nada diferentes dos nossos? “Se você quer que nós mudemos o mundo algum dia, nós ao menos tempos que viver tempo o bastante para crescer!”, grita a criança.

Às vezes nos drogamos com sonhos de ideias novas. A cabeça vai nos salvar. O cérebro sozinho vai nos libertar. Mas não há ideias novas ainda esperando nas asas para nos salvar como mulheres, como humanas. Só há aquelas velhas e esquecidas
, novas combinações, extrapolações e reconhecimentos desde dentro nós mesmas – junto à renovada coragem para tenta-las. E nós temos que encorajar constantemente a nós mesmas e a cada outra para tentarmos as ações heréticas que nossos sonhos implicam, e que tantas das nossas velhas ideias desprezam. Na linha de frente de nossa movimentação até mudança, só há poesia para aludir à possibilidade feita real. Nossos poemas formulam as implicações de nós mesmas, o que sentimos dentro e ousamos fazer realidade (ou trazer ação de acordo com), nossos medos, nossas esperanças, nossos terrores mais cultivados.

Pois dentro
de estruturas vivas definidas pelo lucro, pelo poder linear, pela desumanização institucional, nossos sentimentos não foram feitos para sobreviver. Mantidos por perto como adjuntos inevitáveis ou passatempos prazenteiros, era esperado que sentimentos se curvassem a pensamento como era esperado que mulheres se curvassem a homens. Mas as mulheres temos sobrevivido. Como poetas. E não há sofrimentos novos. Nós já os sentimos todos. Nós escondemos tal fato no mesmo lugar em que nós escondemos nosso poder. Eles emergem em nossos sonhos, e são nossos sonhos que apontam o caminho para liberdade. Aqueles sonhos se tornam realizáveis por nossos poemas que nos dão a força e coragem para ver, sentir, falar, e ousar.

Se o que precisamos para sonhar, para mover nossos espíritos mais profunda e diretamente até o encontro
e através de promessa, é menosprezado como luxo, então nós desistimos do cerne – a fonte – de nosso poder, nossa mulheridade; nós desistimos do futuro de nossos mundos.

Pois não há ideias novas. Só há novas maneiras de fazê-las sentidas – de examinar como nos parecem aquelas ideias sendo vividas no domingo de manhã às 7 A.M, depois do café da manhã, durante amor voraz, fazendo guerra, parindo, chorando nossxs mortxs – enquanto nós sofremos as velhas esperas, combatemos os velhos conselhos e medos de sermos silentes e impotentes e sós, enquanto nós provamos nossas possibilidades e forças.

[1] Traduzido por tatiana nascimento, novembro
de 2012. dissonante@gmail.com / traduzidas.wordpress.com

[2] Publicado pela primeira vez em Chrysalis: A Magazine of Female Culture, n. 3 (1977). Nota da autora
.
20 de July de 2009, às 15h26 por 192.168.0.101 -
Linhas 36-37 mudadas de
notas de tradução: tradução livre, apaixonada y meio capenga. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem em itálico y antes da expressão em original, que tá dentro dos [colchetes].
para:
notas de tradução: tradução feita por tatiana nascimento dos santos. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem em itálico y antes da expressão em original, que tá dentro dos [colchetes].
02 de June de 2008, às 22h16 por 201.20.227.123 -
Linhas 36-40 mudadas de
notas de tradução: tradução livre, apaixonada y meio capenga. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem em itálico y antes da expressão em original, que tá dentro dos [colchetes].
para:
notas de tradução: tradução livre, apaixonada y meio capenga. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem em itálico y antes da expressão em original, que tá dentro dos [colchetes].

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voltar para [[Traduzidas|traduzidas]]
30 de May de 2008, às 15h55 por 200.198.217.194 -
Linha 20 mudada de
A possibilidade não é eterna nem momentânea. Não é fácil manter a crença em sua eficácia. Às vezes trabalhamos duro, trabalhamos muito para estabelecer [a primeira abertura para a resistência real contra as mortes que esperam que vivamos] [one beachhead of real resistance do the deaths we are expected do live], só pra ver essa abertura roubada ou ameaçada pelas ficções que fomos socializadas a temer, ou pelo rascunho daquelas aprovações que fomos alertadas a buscar, por segurança. As mulheres nos vemos diminuídas ou abrandadas pelo falso benefício das acusações de infantilidade, da não-universalidade, da inconstância, da sensualidade. E quem pergunta a questão: eu estou mudando sua aura, suas idéias, seus sonhos, ou estou meramente movendo você em atos temporários e reativos? [And even though the latter is no mean task, it is one that must be seen within the context of a need for true alteration of the very foundations of our lives.]
para:
A possibilidade não é eterna nem momentânea. Não é fácil manter a crença em sua eficácia. Às vezes trabalhamos duro, trabalhamos muito para estabelecer ''a primeira abertura para a resistência real contra as mortes que esperam que vivamos'' [one beachhead of real resistance do the deaths we are expected do live], só pra ver essa abertura roubada ou ameaçada pelas ficções que fomos socializadas a temer, ou pelo rascunho daquelas aprovações que fomos alertadas a buscar, por segurança. As mulheres nos vemos diminuídas ou abrandadas pelo falso benefício das acusações de infantilidade, da não-universalidade, da inconstância, da sensualidade. E quem pergunta a questão: eu estou mudando sua aura, suas idéias, seus sonhos, ou estou meramente movendo você em atos temporários e reativos? ''E mesmo que a segunda opção não seja dispendiosa, tem que ser vista dentro de um contexto da necessidade por alterações verdadeiras nas fundações mesmas de nossas vidas''.[And even though the latter is no mean task, it is one that must be seen within the context of a need for true alteration of the very foundations of our lives.]
Linha 22 mudada de
O patriarca branco nos disse: penso, logo existo. A matriarca Negra dentro de nós – a poetisa – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, logo posso ser livre. A poesia cunha a linguagem para que expresse e '_empenhe_' [charter] essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.
para:
O patriarca branco nos disse: penso, logo existo. A matriarca Negra dentro de nós – a poetisa – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, logo posso ser livre. A poesia cunha a linguagem para que expresse e ''empenhe'' [charter] essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.
Linha 32 mudada de
Pois não há idéias novas. O que há é novas maneiras de fazê-las sentir – de examinar como é que elas se sentem ao estarmos vivas às 7 da manhã de domingo, depois do café, fazendo amor vorazmente, parindo, chorando noss@s mort@s – enquanto sofremos as velhas esperas, lutamos contra os velhos conselhos e medos de sermos silenciadas e impotentes e sós, enquanto provamos nossas possibilidades e forças.\\
para:
Pois não há idéias novas. O que há é novas maneiras de fazê-las sentir – de examinar como é que elas se sentem ao estarmos vivas às 7 da manhã de domingo, depois do café, fazendo amor vorazmente, parindo, chorando noss'-@-'s mort'-@-'s – enquanto sofremos as velhas esperas, lutamos contra os velhos conselhos e medos de sermos silenciadas e impotentes e sós, enquanto provamos nossas possibilidades e forças.\\
Linhas 35-36 mudadas de
*trecho do poema ??
notas de tradução: tradução livre, apaixonada y meio capenga. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem sublinhada y antes da expressão em original, dentro dos [colchetes].
para:
*trecho do poema ??\\
notas de tradução: tradução livre, apaixonada y meio capenga. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem em itálico y antes da expressão em original, que tá dentro dos [colchetes].
30 de May de 2008, às 15h28 por 200.198.217.194 -
Linha 22 mudada de
O patriarca branco nos disse: penso, logo existo. A matriarca Negra dentro de nós – a poetisa – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, logo posso ser livre. A poesia cunha a linguagem para que expresse e [empenhe] [charter] essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.
para:
O patriarca branco nos disse: penso, logo existo. A matriarca Negra dentro de nós – a poetisa – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, logo posso ser livre. A poesia cunha a linguagem para que expresse e '_empenhe_' [charter] essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.
Linhas 32-36 mudadas de
Pois não há idéias novas. O que há é novas maneiras de fazê-las sentir – de examinar como é que elas se sentem ao estarmos vivas às 7 da manhã de domingo, depois do café, fazendo amor vorazmente, parindo, chorando noss@s mort@s – enquanto sofremos as velhas esperas, lutamos contra os velhos conselhos e medos de sermos silenciadas e impotentes e sós, enquanto provamos nossas possibilidades e forças.
para:
Pois não há idéias novas. O que há é novas maneiras de fazê-las sentir – de examinar como é que elas se sentem ao estarmos vivas às 7 da manhã de domingo, depois do café, fazendo amor vorazmente, parindo, chorando noss@s mort@s – enquanto sofremos as velhas esperas, lutamos contra os velhos conselhos e medos de sermos silenciadas e impotentes e sós, enquanto provamos nossas possibilidades e forças.\\
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*trecho do poema ??
notas de tradução: tradução livre, apaixonada y meio capenga. as expressões/palavras entre [colchetes] indicam que nesse momento a tradução foi bem mais insegura que nos outros. a expressão traduzida dubitosamente vem sublinhada y antes da expressão em original, dentro dos [colchetes]
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21 de May de 2008, às 17h53 por 200.198.217.194 -
Linhas 0-1 apagadas
\\'Poesia não é luxo'\\
\\
Linha 3 apagada:
\\
Linha 5 mudada de
\\
para:
Linha 7 mudada de
\\
para:
Linha 9 mudada de
\\
para:
Linhas 11-12 adicionadas

Mas conforme vamos entrando mais em contato com nossa consciência de vida ancestral, não européia, como uma situação experienciada e interativa, aprendemos mais e mais a cultivar nossos sentimentos, e a respeitar essas fontes secretas de nosso poder das quais surge conhecimento verdadeiro e de onde, portanto, atos perseverantes vêm.
Linhas 13-14 apagadas
Mas conforme vamos entrando mais em contato com nossa consciência de vida ancestral, não européia, como uma situação experienciada e interativa, aprendemos mais e mais a cultivar nossos sentimentos, e a respeitar essas fontes secretas de nosso poder das quais surge conhecimento verdadeiro e de onde, portanto, atos perseverantes vêm.
\\
21 de May de 2008, às 17h52 por 200.198.217.194 -
Linhas 1-35 adicionadas
\\'Poesia não é luxo'\\
\\
'''Audre Lorde'''
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A qualidade da luz pela qual escrutinamos nossas vidas tem impacto direto no que vivemos, e nas mudanças que esperamos trazer por essas vidas. É a partir dessa luz que formamos aquelas idéias que formam nossa mágica e nos fazem realizá-la. Isso é poesia como iluminação, pois é pela poesia que nomeamos aquelas idéias que estão – até o poema – inomináveis e desformes, ainda por nascer, mas já sentidas. Essa destilação da experiência, de que surge poesia verdadeira, faz nascer pensamentos como o sonho faz nascer conceitos, como os sentimentos nascem idéias, como o conhecimento nasce (precede) o entendimento.\\
\\
Conforme vamos aprendendo a sustentar a intimidade do escrutínio e florescer a partir disso, conforme aprendemos a usar os frutos desse escrutínio pra empoderar nossa existência, aqueles medos que comandam nossas vidas e formam nossos silêncios começam a perder o controle sobre nós.\\
\\
Para cada de nós, mulheres que somos, há um lugar de escuridão interna, e nela nosso verdadeiro espírito, escondido, crescendo, se ergue, “lindo / e firme como uma castanha / opondo-se colunar ao (v)nosso pesadelo de fraqueza”* e impotência.\\
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Esses lugares de possibilidade dentro de nós são escuros porque são ancestrais e escondidos; eles cresceram e se fortaleceram por essa escuridão. Lá dentro desses lugares profundos, cada uma de nós guarda uma reserva incrível de criatividade e poder, de emoção e sentimento intocados, impronunciados. O lugar de poder de mulher dentro de cada uma de nós não é branco nem está na superfície; é escuro, é ancestral, e é profundo.\\
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Quando vemos o modo de vida europeu como o único problema a ser resolvido, nós contamos somente com nossas idéias pra nos libertar, pois isso foi o que o patriarca branco nos disse que era precioso.\\
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Mas conforme vamos entrando mais em contato com nossa consciência de vida ancestral, não européia, como uma situação experienciada e interativa, aprendemos mais e mais a cultivar nossos sentimentos, e a respeitar essas fontes secretas de nosso poder das quais surge conhecimento verdadeiro e de onde, portanto, atos perseverantes vêm.
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Nesse momento, acredito que as mulheres carregamos em nós mesmas a possibilidade de fundir essas duas abordagens tão necessárias à sobrevivência, e nos aproximamos dessa combinação em nossa poesia. Eu falo aqui sobre poesia como uma destilação revelatória da experiência, e não o jogo de palavras estéril que, muitas vezes, foi destorcido pelo patriarca branco como o significado da palavra poesia – assim mascarando um desejo desesperado por imaginação sem deslumbramento.
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Para as mulheres, então, a poesia não é um luxo. É uma necessidade vital de nossa existência. Ela forma a qualidade da luz com a qual estabelecemos nossas esperanças e sonhos em direção a sobrevivência e mudança, primeiro forjada em linguagem, depois em idéia, então em ação mais tocável. Poesia é a maneira com que contribuímos a nomeação ao inominado, pra que possa ser pensado. O horizonte mais distante de nossas esperanças e medos é pavimentado por nossos poemas, talhado na pedra da experiência de nossas vidas diárias.
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Conforme eles se tornam conhecidos e aceitos por nós, nossos sentimentos e a exploração honesta deles se tornam santuários e solo polinizado para o mais radical e audaz das idéias. Eles se tornam um abrigo para aquela diferença tão necessária à mudança e a conceituação de qualquer ação significativa. Agora, eu poderia nomear pelo menos dez idéias que eu teria achado intoleráveis ou incompreensíveis e assustadoras, a menos que tivessem vindo com sonhos e poemas. Isso não é fantasia despropositada, mas uma atenção cuidadosa com o verdadeiro sentido de “isso é o que me parece certo”. Nós podemos nos treinar a respeitar nossos sentimentos e transpô-los em linguagem, pra que possam ser compartilhados. E onde aquela linguagem ainda não existe, é nossa poesia que ajuda a tecê-la. A poesia não é só sonho e visão; ela é a coluna vertebral de nossas vidas. Ela constrói as bases para um futuro de mudança, uma ponte entre os medos que temos do que nunca foi visto antes.
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A possibilidade não é eterna nem momentânea. Não é fácil manter a crença em sua eficácia. Às vezes trabalhamos duro, trabalhamos muito para estabelecer [a primeira abertura para a resistência real contra as mortes que esperam que vivamos] [one beachhead of real resistance do the deaths we are expected do live], só pra ver essa abertura roubada ou ameaçada pelas ficções que fomos socializadas a temer, ou pelo rascunho daquelas aprovações que fomos alertadas a buscar, por segurança. As mulheres nos vemos diminuídas ou abrandadas pelo falso benefício das acusações de infantilidade, da não-universalidade, da inconstância, da sensualidade. E quem pergunta a questão: eu estou mudando sua aura, suas idéias, seus sonhos, ou estou meramente movendo você em atos temporários e reativos? [And even though the latter is no mean task, it is one that must be seen within the context of a need for true alteration of the very foundations of our lives.]
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O patriarca branco nos disse: penso, logo existo. A matriarca Negra dentro de nós – a poetisa – sussurra em nossos sonhos: eu sinto, logo posso ser livre. A poesia cunha a linguagem para que expresse e [empenhe] [charter] essa demanda revolucionária, a implementação daquela liberdade.
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Contudo, a experiência nos ensinou que a ação no agora é também necessária, sempre. Nossas crianças não podem sonhar a não ser que vivam, elas não podem viver a não ser que se nutram, e quem mais vai alimentá-las do sustento verdadeiro sem o qual seus sonhos não vão ser diferentes dos nossos? “Se você quer que a gente mude o mundo algum dia, temos que pelo menos viver o suficiente pra crescer!”, a criança grita.
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Às vezes nos entorpecemos sonhando com idéias novas. A mente vai salvar a gente. O cérebro, sozinho, vai nos libertar. Mas não existem idéias novas na manga, esperando para nos salvar como mulheres, como humanas. Só há as velhas e esquecidas, novas combinações, exorbitâncias e reconhecimentos de dentro de nós mesmas – junto com a coragem renovada de tentá-las. E nós temos que encorajar constantemente a nós mesmas e a cada outra para que ousemos as ações hereges que nossos sonhos implicam, a despeito do desprezo que nossas velhas idéias têm por isso. Na linha de frente de nossa movimentação em direção à mudança, só há a poesia pra alcançarmos como possibilidade tornada real. Nossos poemas formulam as implicações de nós mesmas, o que sentimos dentro e ousamos tornar realidade (ou transformar em ação de acordo com isso), nossos medos, nossas esperanças, nossos medos mais curtidos.
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Pois dentro de estruturas vivas definidas pelo lucro, pelo poder vertical, pela desumanização institucional, nossos sentimentos não vão sobreviver. Mantidos à margem como coadjuvantes inevitáveis ou passatempos confortáveis, dos sentimentos é esperado que se curvem ao pensamento como é esperado que as mulheres se curvem aos homens. Mas as mulheres temos sobrevivido. Como poetisas. E não há sofrimentos novos. Nós já os sentimos todos. Escondemos isso no mesmo lugar em que escondemos nosso poder. Eles submergem em nossos sonhos, e são nossos sonhos que apontam o caminho da liberdade. Esses sonhos são realizáveis por nossos poemas, que nos fortalecem e encorajam a ver, a sentir, a falar, e a ousar.
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Se o que precisamos para sonhar, para mover nossos espíritos mais profunda e diretamente ao encontro e através da promessa, é menosprezado como luxo, então nós desistimos do cerne – a fonte – de nosso poder, nossa mulheridade; nós desistimos do futuro de nossos mundos.
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Pois não há idéias novas. O que há é novas maneiras de fazê-las sentir – de examinar como é que elas se sentem ao estarmos vivas às 7 da manhã de domingo, depois do café, fazendo amor vorazmente, parindo, chorando noss@s mort@s – enquanto sofremos as velhas esperas, lutamos contra os velhos conselhos e medos de sermos silenciadas e impotentes e sós, enquanto provamos nossas possibilidades e forças.
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Pagina modificada em 13 de July de 2013, às 03h48