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Wendo

História de Main.Wendo

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Linhas 5-6 adicionadas
[[imagens wendistas]]
Linhas 17-18 mudadas de
[daí penso que pode ter um quadrinho falando de informações sobre o wendo]
para:
[um quadrinho falando de informações sobre o wendo]
Linhas 21-22 mudadas de
[daí fico pensando outras coisas do tipo, pensando a partir do nome wendo "caminho das mulheres" falar alguma coisa sobre a construção coletiva desse caminho, sei lá...]
para:
[a partir do nome wendo "caminho das mulheres" falar alguma coisa sobre a construção coletiva desse caminho, sei lá...]
Linha 25 adicionada:
Linha 30 adicionada:
Linhas 19-30 mudadas de
[daí fico pensando outras coisas do tipo, pensando a partir do nome wendo "caminho das mulheres" falar alguma coisa sobre a construção coletiva desse caminho, sei lá...]
para:
[daí fico pensando outras coisas do tipo, pensando a partir do nome wendo "caminho das mulheres" falar alguma coisa sobre a construção coletiva desse caminho, sei lá...]

algumas páginas feras:

no Brasil:
http://www.wendobrasil.rg3.net/
http://www.wendose.cjb.net/

em inglês:
http://www.wendo.ca/pages/home.htm [canadá]
http://www.wendo.ca/pages/philosophy.htm ["]
23 de August de 2008, às 04h59 por 201.88.228.29 -
Linhas 17-19 mudadas de
pra quem não sabe, wendo significa "caminho das mulheres" e surgiu no canadá na década de 70 "desenvolvido por uma família que treinava artes marciais e que souberam que sua vizinha tinha sido agredida e morta pelo marido dela, sem chances de defesa. Por isto, eles/elas decidiram criar técnicas e estratégicas, fáceis e seguras, de serem aplicadas por mulheres e meninas quando estas fossem vítimas de alguma violência, em casa ou nas ruas. A partir daí, o WenDo começou a ser difundido por diversos países, entre eles, o Brasil que hoje conta com cinco grupos nas cidades de Curitiba, Salvador, São Paulo, João Pessoa, e mais recentemente, em Brasília."
para:
pra quem não sabe, wendo significa "caminho das mulheres" e surgiu no canadá na década de 70 "desenvolvido por uma família que treinava artes marciais e que souberam que sua vizinha tinha sido agredida e morta pelo marido dela, sem chances de defesa. Por isto, eles/elas decidiram criar técnicas e estratégicas, fáceis e seguras, de serem aplicadas por mulheres e meninas quando estas fossem vítimas de alguma violência, em casa ou nas ruas. A partir daí, o WenDo começou a ser difundido por diversos países, entre eles, o Brasil que hoje conta com cinco grupos nas cidades de Curitiba, Salvador, São Paulo, João Pessoa, e mais recentemente, em Brasília."

[daí fico pensando outras coisas do tipo, pensando a partir do nome wendo "caminho das mulheres" falar alguma coisa sobre a construção coletiva desse caminho, sei lá...]
23 de August de 2008, às 04h57 por 201.88.228.29 -
Linha 11 mudada de
"não" que é escasso nas nossas bocas, quando preferimos ceder a contragosto.
para:
"não" que é escasso nas nossas bocas, quando preferimos ceder a contragosto. porque é pressuposto que devemos servir, que devemos nos submeter de bom grado à vontade alheia, mesmo que em nome do cuidado.\\
23 de August de 2008, às 04h54 por 201.88.228.29 -
Linhas 12-16 mudadas de
ligações que também são escassas, já que estamos imersas em um ideologia de competição feminina e separadas por localizações sociais diferentes e por diferentes comprometimentos políticos.
a aura de segredo é bacana também. ajuda a criar uma cumplicidade, ou um sentimento de que temos algo que nos liga, uma partilha.
para:
ligações que também são escassas, já que estamos imersas em um ideologia de competição feminina e separadas por localizações sociais diferentes e por diferentes comprometimentos políticos.\\
23 de August de 2008, às 04h52 por 201.88.228.29 -
Linha 12 mudada de
ligações que também são escassas, já que estamos imersas em um ideologia de competição feminina.
para:
ligações que também são escassas, já que estamos imersas em um ideologia de competição feminina e separadas por localizações sociais diferentes e por diferentes comprometimentos políticos.
23 de August de 2008, às 04h50 por 201.88.228.29 -
Linhas 7-10 mudadas de
aprender a dizer não.
retomar conexões com outras mulheres (ou criar conexões entre mulheres).
estabelecer um círculo de confiança e cuidado entre mulheres.
acho que são essas as coisas que mais me interessam no wendo.
para:
aprender a dizer não.\\
retomar conexões com outras mulheres (ou criar conexões entre mulheres).\\
estabelecer um círculo de confiança e cuidado entre nós.\\
acho que são essas as coisas que mais me interessam no wendo.\\
23 de August de 2008, às 04h48 por 201.88.228.29 -
Linhas 5-6 mudadas de
comecei a pensar num texto, por enquanto tá roubando um parágrafo da entrevista hehehehe
para:
[comecei a pensar num texto, que fosse mais pessoal mesmo]
Linhas 11-18 mudadas de
para:
"não" que é escasso nas nossas bocas, quando preferimos ceder a contragosto.
ligações que também são escassas, já que estamos imersas em um ideologia de competição feminina.
a aura de segredo é bacana também. ajuda a criar uma cumplicidade, ou um sentimento de que temos algo que nos liga, uma partilha.



[daí penso que pode ter um quadrinho falando de informações sobre o wendo]
22 de August de 2008, às 19h52 por 200.96.164.160 -
Linhas 3-12 mudadas de
[[entrevista com a trude]]
para:
[[entrevista com a trude]]

comecei a pensar num texto, por enquanto tá roubando um parágrafo da entrevista hehehehe

aprender a dizer não.
retomar conexões com outras mulheres (ou criar conexões entre mulheres).
estabelecer um círculo de confiança e cuidado entre mulheres.
acho que são essas as coisas que mais me interessam no wendo.

pra quem não sabe, wendo significa "caminho das mulheres" e surgiu no canadá na década de 70 "desenvolvido por uma família que treinava artes marciais e que souberam que sua vizinha tinha sido agredida e morta pelo marido dela, sem chances de defesa. Por isto, eles/elas decidiram criar técnicas e estratégicas, fáceis e seguras, de serem aplicadas por mulheres e meninas quando estas fossem vítimas de alguma violência, em casa ou nas ruas. A partir daí, o WenDo começou a ser difundido por diversos países, entre eles, o Brasil que hoje conta com cinco grupos nas cidades de Curitiba, Salvador, São Paulo, João Pessoa, e mais recentemente, em Brasília."
22 de August de 2008, às 19h51 por 200.96.164.160 -
Linhas 1-203 mudadas de
A instrutora de WenDo alemã, Trude Menrath, acredita que esta técnica de auto defesa
é um dos caminhos eficazes que as mulheres podem encontrar para combater a violência
que sofrem no dia-a-dia. WenDo, que significa “caminho das mulheres” surgiu no
Canadá nos anos 70 desenvolvido por uma família que treinava artes marciais e que
souberam que sua vizinha tinha sido agredida e morta pelo marido dela, sem chances
de defesa. Por isto, eles/elas decidiram criar técnicas e estratégicas, fáceis e
seguras, de serem aplicadas por mulheres e meninas quando estas fossem vítimas de
alguma violência, em casa ou nas ruas. A partir daí, o WenDo começou a ser difundido
por diversos países, entre eles, o Brasil que hoje conta com cinco grupos nas
cidades de Curitiba, Salvador, São Paulo, João Pessoa, e mais recentemente, em
Brasília.
Trude Menrath é uma das mulheres responsáveis por esta difusão. Sempre que
possível ela vem ao Brasil para poder acompanhar o desenvolvimento do WenDo no
país e poder colaborar para que cada vez mais outras mulheres tenham acesso a ele.
Foi assim que ela chegou em João Pessoa e realizou uma oficina de uma semana com
as mulheres do grupo de WenDo desta cidade. Aproveitando sua passagem pela
terrinha, fiz esta pequena entrevista com ela, que nos fala dentre outras coisas,
da realização de encontros anuais na França e no Canadá e da organização dos
grupos de WenDo pela Europa.

Por Mabel Dias


1) Como você conheceu o WenDo e em que ano foi?
Meu nome é Trude e eu conheci o WenDo no ano de 1980. Participei de uma oficina em
uma casa onde tem sempre oficina para mulheres, no campo, perto da minha cidade,
Köln, na Alemanha. É uma casa para estudos, férias, voltada para mulheres e nesta
casa foi a primeira ou segunda vez que tive uma oficina de WenDo. Fui lá para
aprender WenDo.

2) Há quanto tempo você ensina o WenDo?
Eu comecei a ensinar cinco anos depois que o conheci e comecei a treinar cinco
anos depois da oficina que participei, que durou uma semana, e então com outras
mulheres iniciamos com um grupo na minha cidade. Começamos a treinar auto
organizadas, sem treinadora, comecei dois anos depois a treinar jiu jitsu e outras
artes marciais, sempre buscando maneiras para oferecer às mulheres meios para elas
se auto defender. Há 28 anos comecei com o WenDo e há 23 anos que ensino o WenDo.



3) O que significa o WenDo?
Para mim significa um método feminista, uma resposta e um enfrentamento
das mulheres em relação à violência contra as mulheres, não é um conceito
só físico, de defesa física, mas é um conceito feminista integral, que usa
todas as maneiras como todas as mulheres podem se defender, não é só corpo
nem só com golpes.



4) Qual o nome do grupo de vocês, fale sobre o trabalho desenvolvido pelo seu
grupo na Alemanha com as mulheres de lá.
O nome do grupo é “Frau Schmitzz”, Frau, em alemão quer dizer “mulher” ou
“senhora”, e Schmitzz, é um nome muito comum na região, e queríamos mostrar já
com o nome, que o WenDo é para qualquer mulher, não tem que ser jovem, não tem
que ser esportiva, pode ser qualquer mulher, de qualquer idade. Trabalhamos muito
com meninas, a partir de 6 anos, fazemos cursos com diferentes tipos de mulheres,
eu faço muito curso com mulheres imigrantes, falo alguns idiomas e então posso
fazer cursos com mulheres que não falam alemão, fazemos cursos para mulheres que
tem problemas físicos, qualquer mulher que não pode andar. Nosso grupo funciona
desde 1988, eu e mais duas outras mulheres com muitas mais fizemos este grupo e
até hoje ele existe, atualmente somos três. Nos encontramos uma vez no mês, antes
era uma vez pela semana, e discutimos juntas os temas do WenDo e as vezes
treinamos. Discutimos o conceito de WenDo e estamos sempre buscando colocar o
WenDo mais próximo das mulheres que
precisam, e sempre nas oficinas de WenDo são dados os passos, o que eu aprendi nos
anos 80 hoje é muito diferente do WenDo que eu ensino, tem muito a ver com o
desenvolvimento que teve no movimento feminista, porque o WenDo está muito perto do
movimento feminista, todas as treinadoras de WenDo na Europa são feministas, a
maioria são lésbicas, e assim integramos no WenDo os temas que o movimento
feminista discute. Um exemplo é que no final dos anos 80 o assunto de abuso sexual
de meninas foi muito discutido dentro do movimento feminista e a partir daí
integramos este assunto aos treinos, e no final dos anos 80 começamos a dar aulas a
meninas, e sempre vemos o WenDo como uma prevenção contra o abuso sexual das
meninas e uma maneira para as mulheres sobreviver a violência que elas sofreram na
vida.



5) Porque o WenDo é apenas para as mulheres, gostaria que você explicasse isto
e falasse da importância das mulheres se organizarem.

Para mim é muito claro porque o WenDo é para mulheres, não sei porquê há dúvidas.
Na Alemanha, como aqui no Brasil, na maioria dos outros países do mundo, a mulher
se encontra em uma situação de opressão e discriminação e por isto os homens podem
usar violência contra ela, até matar a esposa se ela quer se separar, existem
vários tipos de violência, discriminação no trabalho, estupro, abuso sexual. Hoje
em dia na Alemanha, que é um país desenvolvido como muitos pensam, mas lá a mulher
recebe ainda menos dinheiro que os homens, fazendo o mesmo trabalho. Em nosso
país, assim como no Brasil, existe muita discriminação, as mulheres sofrem
violência e é muito importante que elas se organizem para acabar com isto, eu vejo
na Alemanha, como aqui que as mulheres conseguiram muitas coisas, mas ainda não é
suficiente, este pensamento que já conseguimos muito e não precisamos mais do
movimento feminista, não é verdadeiro, sobretudo na Alemanha vemos a situação das
mulheres
imigrantes, e no Brasil se olharmos a situação da mulher negra, da trabalhadora,
percebemos que temos que continuar lutando.




6) Conte como se dá a organização do WenDo na Alemanha e na Europa.

Temos uma estrutura boa. Tudo começou em 1979 quando as primeiras professoras de
WenDo foram formadas lá na Alemanha, mulheres da França e da Bélgica, e de outros
países, e lá as mulheres começaram a se encontrar uma vez no ano na França para
aprender mais e trocar informações, para trocar idéias e depois começaram a
realizar um encontro no sul da França, que é internacional. Em muitos outros
países da Europa, como Suécia, Espanha, Suíça, e na Turquia, que não é na Europa,
mas fica próximo, existem grupos de WenDo. O encontro lá na França demora três
dias, a cada ano, acontece no final de agosto é um ponto de organização, de
treinar muito também, na Alemanha a rede de treinadoras se encontra uma vez pelo
ano também, e tem encontros entre mulheres de WenDo e artes marciais, tem uma
estrutura boa, e procuramos nos manter auto organizadas. Até hoje o WenDo não é
uma organização não-governamental (ONG), uma organização institucionalizada, tem
grupos autônomos. Eu quero que o
WenDo fique sempre autônomo. Somos respeitadas por muitas instituições e na minha
cidade até a policia quando as mulheres são violentadas pelos maridos, ou crianças,
eles indicam, mandam a mulher, a menina, para nosso grupo, para fazer os treinos
conosco, temos uma boa visibilidade e respeito.



7) Como vocês se organizam e como os grupos se mantêm na Europa?

Quando fazemos cursos recebemos dinheiro das instituições, às vezes das
mulheres, às vezes uma mistura das duas coisas, somos bem remuneradas
pelas instituições, mas também fazemos cursos onde nós recebemos pouco
dinheiro em solidariedade com grupos de outras mulheres. Por exemplo,
agora estou em João Pessoa treinando com vocês e não estou cobrando a
vocês pela oficina que estou dando, sempre tem este lado onde podemos
cobrar, cobramos, onde não podemos não cobramos ou cobramos menos, é uma
maneira de termos renda para manter o nosso grupo. Quando nos encontramos
e fazemos este trabalho de organização e de desenvolvimento, divulgação do
WenDo, fazemos com nosso dinheiro, nosso trabalho, não recebemos nada de
ninguém.




8) Como são pensados estes encontros que são realizados na França, Canadá e
quantos já foram realizados?

Começou em 1979 e a cada ano tem um encontro no sul da França, há 28 anos estes
encontros são realizados.
É sempre um grupo de alguma cidade participante do encontro, e agora o encontro é
muito mais internacional, o grupo pega a responsabilidade para organização e o
grupo vai lá e organiza e tudo isto é feito voluntariamente e sem ajuda
financeira, as mulheres quando chegam ao encontro dão apenas uma contribuição,
porque temos que pagar pelo acampamento, alimentação, e também tem mulheres que
tem mais dinheiro e mulheres que não podem pagar e nenhuma mulher fica de fora se
não pode pagar. As primeiras brasileiras, que são as mulheres do grupo de
Salvador, que participaram deste encontro não precisaram pagar, foi um ato de
solidariedade.



9) Percebo que o WenDo tem algumas características anarquistas, você concorda?
Sim. Eu penso que se você é radical feminista, você também tem ligações,
características com o anarquismo, como a busca por autogestão, solidariedade,
apoio mutuo, entre outros princípios que fazem parte do anarquismo.



10) Vocês já realizaram oficinas com prostitutas. Conte o que foi mais marcante
nesta oficina.
Foi minha colega de grupo quem fez esta oficina, no meu caso posso falar de outras
experiências que tive, e o mais marcante é quando chegam as meninas e as mulheres,
às vezes são tímidas e quando saem do salão já tem outra expressão do corpo, de
auto estima, acho isto muito legal do trabalho. E também com as vitimas de
violência o WenDo trabalha com as experiências de violência que cada uma já teve,
que é uma maneira de sobreviver, é uma maneira de se sentir melhor e de manter
controle sobre a vida melhor que antes, é um lado muito importante do WenDo e
também muito bonito, porque quando uma mulher sofre violência é sempre um trauma,
ela perde o controle sobre a vida dela, sobre o corpo dela, e com o WenDo ela pode
retomar este controle, isto muda muito, na minha vida e também na vida das
mulheres, isto eu posso ver na expressão das mulheres, isto é muito lindo do
WenDo.



11) E com as prostitutas, como foi?

Foi a Gabi quem fez a oficina junto com outra colega nossa, a Marsha, que hoje não
está mais no grupo, elas trabalhavam juntas, porque quando são grupos grandes e
que precisam de mais atenção trabalhamos em duas. A experiência foi muito boa, foi
difícil porque estas mulheres eram usuárias de heroína, elas vieram algumas
semanas, mas foi muito bom porque elas se sentiram mais fortes depois da oficina e
as prostitutas são mulheres bem mais vulneráveis a violência, muitas vezes os
homens não querem pagar, batem nelas, fazem coisas que elas não foram contratadas.
Para elas foi muito legal para elas terem esta experiência e para nós também.



12) Qual o recado que você daria para as mulheres brasileiras, para as mulheres de
um modo geral, para que elas saiam deste circulo de violência, que não é nada
fácil, mas possível.

Que sempre tem caminho.

13) E o caminho pode ser o WenDo...

E o caminho pode ser o WenDo ou outra coisa, mas penso que sempre tem um caminho,
às vezes não é fácil encontrar, mas se estamos de olhos abertos, tem um caminho.
para:
textos wendo brasilia

[[entrevista com a trude]]
06 de May de 2008, às 21h36 por 200.181.90.157 -
Linhas 1-204 adicionadas
A instrutora de WenDo alemã, Trude Menrath, acredita que esta técnica de auto defesa
é um dos caminhos eficazes que as mulheres podem encontrar para combater a violência
que sofrem no dia-a-dia. WenDo, que significa “caminho das mulheres” surgiu no
Canadá nos anos 70 desenvolvido por uma família que treinava artes marciais e que
souberam que sua vizinha tinha sido agredida e morta pelo marido dela, sem chances
de defesa. Por isto, eles/elas decidiram criar técnicas e estratégicas, fáceis e
seguras, de serem aplicadas por mulheres e meninas quando estas fossem vítimas de
alguma violência, em casa ou nas ruas. A partir daí, o WenDo começou a ser difundido
por diversos países, entre eles, o Brasil que hoje conta com cinco grupos nas
cidades de Curitiba, Salvador, São Paulo, João Pessoa, e mais recentemente, em
Brasília.
Trude Menrath é uma das mulheres responsáveis por esta difusão. Sempre que
possível ela vem ao Brasil para poder acompanhar o desenvolvimento do WenDo no
país e poder colaborar para que cada vez mais outras mulheres tenham acesso a ele.
Foi assim que ela chegou em João Pessoa e realizou uma oficina de uma semana com
as mulheres do grupo de WenDo desta cidade. Aproveitando sua passagem pela
terrinha, fiz esta pequena entrevista com ela, que nos fala dentre outras coisas,
da realização de encontros anuais na França e no Canadá e da organização dos
grupos de WenDo pela Europa.

Por Mabel Dias


1) Como você conheceu o WenDo e em que ano foi?
Meu nome é Trude e eu conheci o WenDo no ano de 1980. Participei de uma oficina em
uma casa onde tem sempre oficina para mulheres, no campo, perto da minha cidade,
Köln, na Alemanha. É uma casa para estudos, férias, voltada para mulheres e nesta
casa foi a primeira ou segunda vez que tive uma oficina de WenDo. Fui lá para
aprender WenDo.

2) Há quanto tempo você ensina o WenDo?
Eu comecei a ensinar cinco anos depois que o conheci e comecei a treinar cinco
anos depois da oficina que participei, que durou uma semana, e então com outras
mulheres iniciamos com um grupo na minha cidade. Começamos a treinar auto
organizadas, sem treinadora, comecei dois anos depois a treinar jiu jitsu e outras
artes marciais, sempre buscando maneiras para oferecer às mulheres meios para elas
se auto defender. Há 28 anos comecei com o WenDo e há 23 anos que ensino o WenDo.



3) O que significa o WenDo?
Para mim significa um método feminista, uma resposta e um enfrentamento
das mulheres em relação à violência contra as mulheres, não é um conceito
só físico, de defesa física, mas é um conceito feminista integral, que usa
todas as maneiras como todas as mulheres podem se defender, não é só corpo
nem só com golpes.



4) Qual o nome do grupo de vocês, fale sobre o trabalho desenvolvido pelo seu
grupo na Alemanha com as mulheres de lá.
O nome do grupo é “Frau Schmitzz”, Frau, em alemão quer dizer “mulher” ou
“senhora”, e Schmitzz, é um nome muito comum na região, e queríamos mostrar já
com o nome, que o WenDo é para qualquer mulher, não tem que ser jovem, não tem
que ser esportiva, pode ser qualquer mulher, de qualquer idade. Trabalhamos muito
com meninas, a partir de 6 anos, fazemos cursos com diferentes tipos de mulheres,
eu faço muito curso com mulheres imigrantes, falo alguns idiomas e então posso
fazer cursos com mulheres que não falam alemão, fazemos cursos para mulheres que
tem problemas físicos, qualquer mulher que não pode andar. Nosso grupo funciona
desde 1988, eu e mais duas outras mulheres com muitas mais fizemos este grupo e
até hoje ele existe, atualmente somos três. Nos encontramos uma vez no mês, antes
era uma vez pela semana, e discutimos juntas os temas do WenDo e as vezes
treinamos. Discutimos o conceito de WenDo e estamos sempre buscando colocar o
WenDo mais próximo das mulheres que
precisam, e sempre nas oficinas de WenDo são dados os passos, o que eu aprendi nos
anos 80 hoje é muito diferente do WenDo que eu ensino, tem muito a ver com o
desenvolvimento que teve no movimento feminista, porque o WenDo está muito perto do
movimento feminista, todas as treinadoras de WenDo na Europa são feministas, a
maioria são lésbicas, e assim integramos no WenDo os temas que o movimento
feminista discute. Um exemplo é que no final dos anos 80 o assunto de abuso sexual
de meninas foi muito discutido dentro do movimento feminista e a partir daí
integramos este assunto aos treinos, e no final dos anos 80 começamos a dar aulas a
meninas, e sempre vemos o WenDo como uma prevenção contra o abuso sexual das
meninas e uma maneira para as mulheres sobreviver a violência que elas sofreram na
vida.



5) Porque o WenDo é apenas para as mulheres, gostaria que você explicasse isto
e falasse da importância das mulheres se organizarem.

Para mim é muito claro porque o WenDo é para mulheres, não sei porquê há dúvidas.
Na Alemanha, como aqui no Brasil, na maioria dos outros países do mundo, a mulher
se encontra em uma situação de opressão e discriminação e por isto os homens podem
usar violência contra ela, até matar a esposa se ela quer se separar, existem
vários tipos de violência, discriminação no trabalho, estupro, abuso sexual. Hoje
em dia na Alemanha, que é um país desenvolvido como muitos pensam, mas lá a mulher
recebe ainda menos dinheiro que os homens, fazendo o mesmo trabalho. Em nosso
país, assim como no Brasil, existe muita discriminação, as mulheres sofrem
violência e é muito importante que elas se organizem para acabar com isto, eu vejo
na Alemanha, como aqui que as mulheres conseguiram muitas coisas, mas ainda não é
suficiente, este pensamento que já conseguimos muito e não precisamos mais do
movimento feminista, não é verdadeiro, sobretudo na Alemanha vemos a situação das
mulheres
imigrantes, e no Brasil se olharmos a situação da mulher negra, da trabalhadora,
percebemos que temos que continuar lutando.




6) Conte como se dá a organização do WenDo na Alemanha e na Europa.

Temos uma estrutura boa. Tudo começou em 1979 quando as primeiras professoras de
WenDo foram formadas lá na Alemanha, mulheres da França e da Bélgica, e de outros
países, e lá as mulheres começaram a se encontrar uma vez no ano na França para
aprender mais e trocar informações, para trocar idéias e depois começaram a
realizar um encontro no sul da França, que é internacional. Em muitos outros
países da Europa, como Suécia, Espanha, Suíça, e na Turquia, que não é na Europa,
mas fica próximo, existem grupos de WenDo. O encontro lá na França demora três
dias, a cada ano, acontece no final de agosto é um ponto de organização, de
treinar muito também, na Alemanha a rede de treinadoras se encontra uma vez pelo
ano também, e tem encontros entre mulheres de WenDo e artes marciais, tem uma
estrutura boa, e procuramos nos manter auto organizadas. Até hoje o WenDo não é
uma organização não-governamental (ONG), uma organização institucionalizada, tem
grupos autônomos. Eu quero que o
WenDo fique sempre autônomo. Somos respeitadas por muitas instituições e na minha
cidade até a policia quando as mulheres são violentadas pelos maridos, ou crianças,
eles indicam, mandam a mulher, a menina, para nosso grupo, para fazer os treinos
conosco, temos uma boa visibilidade e respeito.



7) Como vocês se organizam e como os grupos se mantêm na Europa?

Quando fazemos cursos recebemos dinheiro das instituições, às vezes das
mulheres, às vezes uma mistura das duas coisas, somos bem remuneradas
pelas instituições, mas também fazemos cursos onde nós recebemos pouco
dinheiro em solidariedade com grupos de outras mulheres. Por exemplo,
agora estou em João Pessoa treinando com vocês e não estou cobrando a
vocês pela oficina que estou dando, sempre tem este lado onde podemos
cobrar, cobramos, onde não podemos não cobramos ou cobramos menos, é uma
maneira de termos renda para manter o nosso grupo. Quando nos encontramos
e fazemos este trabalho de organização e de desenvolvimento, divulgação do
WenDo, fazemos com nosso dinheiro, nosso trabalho, não recebemos nada de
ninguém.




8) Como são pensados estes encontros que são realizados na França, Canadá e
quantos já foram realizados?

Começou em 1979 e a cada ano tem um encontro no sul da França, há 28 anos estes
encontros são realizados.
É sempre um grupo de alguma cidade participante do encontro, e agora o encontro é
muito mais internacional, o grupo pega a responsabilidade para organização e o
grupo vai lá e organiza e tudo isto é feito voluntariamente e sem ajuda
financeira, as mulheres quando chegam ao encontro dão apenas uma contribuição,
porque temos que pagar pelo acampamento, alimentação, e também tem mulheres que
tem mais dinheiro e mulheres que não podem pagar e nenhuma mulher fica de fora se
não pode pagar. As primeiras brasileiras, que são as mulheres do grupo de
Salvador, que participaram deste encontro não precisaram pagar, foi um ato de
solidariedade.



9) Percebo que o WenDo tem algumas características anarquistas, você concorda?
Sim. Eu penso que se você é radical feminista, você também tem ligações,
características com o anarquismo, como a busca por autogestão, solidariedade,
apoio mutuo, entre outros princípios que fazem parte do anarquismo.



10) Vocês já realizaram oficinas com prostitutas. Conte o que foi mais marcante
nesta oficina.
Foi minha colega de grupo quem fez esta oficina, no meu caso posso falar de outras
experiências que tive, e o mais marcante é quando chegam as meninas e as mulheres,
às vezes são tímidas e quando saem do salão já tem outra expressão do corpo, de
auto estima, acho isto muito legal do trabalho. E também com as vitimas de
violência o WenDo trabalha com as experiências de violência que cada uma já teve,
que é uma maneira de sobreviver, é uma maneira de se sentir melhor e de manter
controle sobre a vida melhor que antes, é um lado muito importante do WenDo e
também muito bonito, porque quando uma mulher sofre violência é sempre um trauma,
ela perde o controle sobre a vida dela, sobre o corpo dela, e com o WenDo ela pode
retomar este controle, isto muda muito, na minha vida e também na vida das
mulheres, isto eu posso ver na expressão das mulheres, isto é muito lindo do
WenDo.



11) E com as prostitutas, como foi?

Foi a Gabi quem fez a oficina junto com outra colega nossa, a Marsha, que hoje não
está mais no grupo, elas trabalhavam juntas, porque quando são grupos grandes e
que precisam de mais atenção trabalhamos em duas. A experiência foi muito boa, foi
difícil porque estas mulheres eram usuárias de heroína, elas vieram algumas
semanas, mas foi muito bom porque elas se sentiram mais fortes depois da oficina e
as prostitutas são mulheres bem mais vulneráveis a violência, muitas vezes os
homens não querem pagar, batem nelas, fazem coisas que elas não foram contratadas.
Para elas foi muito legal para elas terem esta experiência e para nós também.



12) Qual o recado que você daria para as mulheres brasileiras, para as mulheres de
um modo geral, para que elas saiam deste circulo de violência, que não é nada
fácil, mas possível.

Que sempre tem caminho.

13) E o caminho pode ser o WenDo...

E o caminho pode ser o WenDo ou outra coisa, mas penso que sempre tem um caminho,
às vezes não é fácil encontrar, mas se estamos de olhos abertos, tem um caminho.
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